domingo, 10 de junho de 2007

Brasília, capital do Brasil, capital dos estudantes!

Além de ser o centro político do país, Brasília abriga uma universidade pública cheia de história com a educação brasileira e o movimento estudantil. Será nesse lugar, a tradicional Unb, que milhares de estudantes de todas as regiões do país vão se encontrar no seu maior fórum de debate e decisão.


Brasília, capital da República Federativa do Brasil. A cidade, que representa o maior país da América do Sul, onde os três poderes discutem e decidem seus rumos, não poderia ser a melhor anfitriã para o Congresso de 70 anos da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Criada em 1960, a terceira capital do país representou uma das principais promessas de governo do então presidente Juscelino Kubitschek. Em 1891 já se indicava a necessidade de transferir a capital para a região do Planalto Central, para desenvolver o desabitado interior do país e garantir uma posição mais estratégica e segura para o comando do país.
Brasília foi planejada com medidas ousadas, arquitetura vistosa e moderna pelo urbanista Lucio Costa e pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer. Tombada pela Unesco, é a única cidade construída no século XX classificada como Patrimônio Cultural da Humanidade. A planta da capital leva o nome de ?Plano Piloto?, uma estrutura em formato de aeronave, onde as asas separam as regiões norte e sul, compostas de prédios e habitações, e na cabine de comando se concentram a esplanada dos ministérios, o Congresso Nacional e a Praça dos Três Poderes.


Unb 45 anos


No último dia 21 de abril, a Unb completou 45 anos, que estão sendo comemorados durante todo o ano com um calendário de exposições, congressos, palestras, eventos culturais e esportivos.
A Universidade nasceu em 1962, sendo apenas dois anos mais nova que a cidade de Brasília. Ela foi idealizada pelos educadores Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro. O projeto inicial previa a integração de Institutos Centrais e Faculdades. Entretanto, o sonho de uma universidade completamente inovadora foi abafado pela ditadura militar. As invasões ocorridas na UnB entre 1964 e 1968 esvaziaram o campus. De uma só vez, 209 professores (79% do total na época) pediram demissão em resposta às perseguições sofridas no regime.
Atualmente, a Unb tem 20.937 alunos em 63 cursos de graduação, além de 8.534 alunos cursando pós-graduação em 64 programas de mestrado e 45 de doutorado.O campus Darcy Ribeiro tem 3.950.579 m² de área, com 106 edificações, 22 faculdades e institutos.


Honestino Guimarães, presente!


A Universidade de Brasília é onde estudou um dos mais importantes líderes da luta estudantil brasileira. Honestino Guimarães, além de aluno exemplar do curso de geologia, aprovado em primeiro lugar geral no exame vestibular, foi presidente da UNE no momento mais difícil desses 70 anos da entidade. Isso aconteceu entre 1969 e 1973, durante o regime militar, quando o movimento estudantil estava completamente na ilegalidade e seus líderes eram perseguidos e presos pela ditadura.Honestino, que desde cedo era muito consciente e ousado na sua militância, foi obrigado a deixar Brasília. Fugiu para o Rio de Janeiro e, como presidente da UNE, conseguiu manter o movimento estudantil vivo e minimamente organizado, apesar de toda a repressão. Ele foi preso em 1973 e, desde então, não foi mais visto. É um dos muitos desaparecidos políticos.
Como lembrança e homenagem, o DCE da Unb leva até hoje o seu nome. Segundo a coordenadora geral da entidade, Maíra Vasconcelos, o Congresso da UNE vai ser importante como uma forma de homenageá-lo. "Muita gente, mesmo aqui na Unb, não sabe qual é a história de Honestino Guimarães e sua importância, o Congresso vai servir para resgatar tudo isso", afirma.



Manifesto da UJS.

Socialismo com a nossa cara

Nos bancos das escolas e universidades, no cotidiano do trabalho das fábricas e repartições, no duro ofício de lavrar a terra, nas praças, ruas, palcos, quartéis, campos, praias e festas dizemos presente.
Somos milhões de faces que dão a cara jovem ao Brasil. Somos Socialistas porque, jovens que somos, andamos abraçados com o futuro e a busca da felicidade - desejos que são diariamente frustados nessa sociedade capitalista que não tem perspectiva e só nos oferece a desilusão e a exploração.
"Há tempos são os jovens que adoecem" [Legião Urbana]
Aqui no Brasil, somos discriminados e postos de escanteio. Amargamos o não aproveitamento do melhor de nossa criatividade e energia na imensa fila dos desempregados. A placa de "NÃO HÁ VAGAS" é a senha de nossa exclusão e marginalização. Somos milhões que não têm acesso ao ensino e por isso muitos de nós acabam lançados ao analfabetismo. Nas escolas e universidades encontramos um ensino elitista, atrasado e conservador, sem investimentos e democracia.
Os livros, peças, filmes e shows são acessíveis somente para quem tem grana .Os meios de comunicação, cada vez mais alheios à verdade, constroem um mundo falso no qual não cabemos senão como repetidores de uma moral que nos é estranha. Para nós, oferecem o individualismo, a mistificação religiosa, a banalização dos nossas desejos, a pornografia e a prostituição. Oferecem a discriminação e a exclusão social. Muitos dos nossos, não achando mais caminho, criam vício e dependência de drogas, enriquecendo os capitalistas do tráfico.
Sem casas para morar, somos jogados nas favelas e para debaixo das pontes. Excluídos, somos caçados e mortos como bichos pelos grupos de extermínios e pela polícia.
Nossa infância vende doces nas esquinas, cheira cola nas calçadas e sofre sem qualquer proteção.A prática esportiva e o lazer, para nós tão importantes na formação, são exceção em nossas vidas. O turismo é mercadoria de luxo.
Há tempos adoecemos. Somos campeões da cárie dentária e de epidemias, a rede pública de saúde vai sendo destruída e vão nos matando por falta de acesso. Não existe orientação sobre métodos anticonceptivos. São milhares de jovens que enfrentam uma gravidez sem nenhuma proteção e acompanhamento. O aborto em clínicas de fundo de quintal acaba sendo a única alternativa para interromper uma gravidez precoce e indesejada. Muitos jovens são vitimados pela Aids, por falta de informações e meios de prevenção. Alguns setores se utilizam dessa tragédia para fazer a cruzada moral e reprimir o despertar de nossa sexualidade.
Nosso meio ambiente é vítima da insanidade capitalista que o degrada, polui e destrói.
"Quem quer manter a ordem?" [Titãs]
Os donos do poder afirmam que vivemos uma democracia porque temos eleições. Escondem que as regras dessa ordem só servem para os que têm poder financeiro.
Essa democracia nos discrimina, não nos ouve e não nos serve. Somos considerados o futuro e, assim, no presente não temos espaço para opinar, participar e decidir. Mesmo esta falsa democracia cada vez mais é atacada e limitada...
A violência nos persegue o tempo todo. Muitos dos nossos nos ferem ou se matam em disputa entre gangues, ou são espancados pelos próprios pais.
Outros recebem uma bala perdida ou são vítimas de assalto ou perseguição. No capitalismo não temos paz.
Nossa liberdade é extremamente vigiada e reprimida. As elites e os meios de comunicação discriminam o negro, tratando-o como escravo "moderno" e deformando sua história. Às mulheres não dão igualdade de direito e não entendem sua realidade e suas diferenças. O homossexualismo é tratado como doença e não como livre opção individual. Preconceito e discriminação são as marcas do nosso tempo.Aos 18 anos somos obrigados a prestar o serviço militar, que deveria ser uma opção de consciência de cada um.
"Que país é este?" [Legião Urbana]
Com um povo criativo, num vasto território e riqueza de fazer inveja, nosso gigante vive ajoelhado. O Brasil é cada vez mais dependente e subserviente em relação aos países imperialistas, em especial aos Estados Unidos.
O que move a chamada globalização é a busca do lucro, o desejo de acabar com a soberania dos países, explorar seus trabalhadores, destruir suas culturas e anexar suas riquezas. Conduzido neste rumo, nosso Brasil vê sua bandeira pisoteada, sua independência destruída e seu futuro comprometido.
"Quero ver quem paga pra gente ficar assim" [Cazuza]
Nossa história está marcada pelo atraso e pela subordinação extrema. Portugal, Inglaterra e Estados Unidos. Foram eles ao longo do tempo que promoveram a escravidão, a monocultura, o atraso industrial, o desenvolvimento dependente e, mais recentemente, a tentativa de desindustrialização e da nossa transformação em mercado de bugiganga.
Mas não foram eles os únicos responsáveis por esta triste história e pelo rumo atual.Os latifundiários, praga secular do nosso país, sempre sustentaram este rumo através da violência e do coronelismo político.
A chamada burguesia brasileira, incompetente e adepta do projeto imperialista, em sua maioria, sempre se subordinou aos interesses de seus patrões e de seus subordinados externos. O capital financeiro aqui já surgiu ligado aos grupos monopolistas estrangeiros.
"Homem primata, capitalismo selvagem" [Titãs]
Se o capitalismo em nosso país é trágico para o povo, no mundo não é diferente. Em sua fúria exploratória tenta fazer do mundo inteiro um vasto campo para sua ganância. Proprietários da tecnologia, fazem suas mercadorias e capitais percorrerem o mundo com velocidade. Trilhões de dólares circulam nos sistemas financeiros como nuvens por todo o globo, vivendo somente da especulação e do roubo.
Globalizado o capitalismo, globalizada a exclusão. Somente 20% dos seres humanos cabem neste capitalismo, aos outros bilhões restam a miséria, as doenças, a fome e a morte. Globalizado o capitalismo, globalizado o caráter desumano, cruel e ineficiente. Globalizada a necessidade de superá-lo, de pôr fim nesta barbárie "moderna".
"... carro alegre, cheio de gente contente..." [Pablo Milanés]
Assim é a história: a juventude e os povos do mundo não se calam diante do caos capitalista. Em todos os continentes se levantam vozes e punhos contra o capitalismo e seus males. Exigem direitos sociais, defendem seu país, sua liberdade e assim, de dedo em riste, encaram o capitalismo, negador dos seus anseios.
"Mas eu não sou as coisas e me revolto" [Carlos Drummond de Andrade]
A história do capitalismo é também a história de resistência à exploração e sua defesa de outra sociedade. Esta luta gerou em 1848, pelas mãos dos jovens alemães, Karl Marx e Friedrich Engels, o Manifesto do Partido Comunista, programa básico de luta contra o capitalismo e em defesa do socialismo. Programa que até hoje nos inspira. Em 1917, sob o comando de Lênin, o socialismo prova na velha Rússia que o capitalismo não é eterno. Em poucas década o socialismo alterou a face do mundo, levando à construção da União Soviética e à vitória de vários povos do leste europeu e da Ásia. Nestas suas primeiras experiências históricas, prova que é superior ao capitalismo ao oferecer direitos sociais e uma nova vida para milhões, mesmo vivendo sob o constante cerco capitalista.No entanto, cometeu vários erros importantes. Aos poucos o povo, de força principal da construção da nova sociedade, passou a ser mero coadjuvante. A democracia e a liberdade foram se reduzindo para os trabalhadores e para a juventude. A vida cultural e científica passou a ser tratada com oficialismo. Esses erros fizeram com que muitas dessas experiências acabassem por se negar. Tudo isso levou ao fim do socialismo na URSS e no Leste Europeu.
Esses reveses nas primeiras experiências socialistas revelam erros e mostram a necessidade de aprimorarmos mais seu projeto. A construção do socialismo está apenas no seu começo.
"Canta, canta, minha gente / deixa a tristeza pra lá / canta forte, canta alto / que a vida vai melhorar..." [Martinho da Vila]
Temos alegria e rebeldia para derrotarmos a face velha e capitalista do Brasil e em seu lugar colocarmos o socialismo com a nossa cara. O Brasil socialista que queremos terá um poder popular, uma República de trabalhadores que acabará com a exploração e nele haverá a verdadeira liberdade e a mais ampla democracia para o povo e para a juventude.
Terá o ser humano como seu primeiro objetivo, será libertário e criativo, incentivando o conhecimento e a transformação, será justo e igualitário. A terra e as empresas trarão benefícios para todos e não somente para um punhado de capitalistas. O trabalho passará a ser um valor fundamental do desenvolvimento humano. Nosso país socialista se relacionará com o mundo de forma independente, respeitando a autonomia dos outros povos. Romperemos as amarras que nos mantiveram tanto tempo de costas para o nosso continente e finalmente assumiremos nossa identidade latino-americana.
Nosso povo, internacionalista, apoiará as lutas de outros povos por um mundo melhor. No Brasil socialista, nós jovens seremos considerados uma força presente e nele conquistaremos o espaço para discutir, participar e decidir sobre nossos interesses e sobre o rumo do país.
"Os meninos e o povo no poder..." [Milton Nascimento e Fernando Brant]
Não queremos fórmulas. O nosso socialismo será verde e amarelo, tocará viola, dançará samba e rock. Fará carnaval e jogará futebol. Será construído a partir de nossa realidade e caminhos que nós descortinaremos.
Beberá da experiência da história da luta do nosso povo. Terá o vigor dos versos abolicionistas de Castro Alves, a revolta de Zumbi, o desejo de liberdade de Tiradentes, a bravura de Helenira Rezende, de Osvaldão e dos guerrilheiros do Araguaia, o hino democrático das Diretas Já, a cara jovem e pintada do Fora Collor.
Beberá também da história da nossa América Latina, da vontade de unidade que moveu Bolivar, da revolução camponesa de Zapata, da luta de Sandino, do exemplo de dedicação e combatividade de Ernesto Che Guevara.
Nele, conquistaremos emprego digno, ensino público e gratuito, de qualidade, para todos, em todos os níveis. Nele garantiremos acesso à arte produzida em nosso país e no mundo. Lutaremos por uma nova cultura, progressista, popular e brasileira, por incentivos e espaços aos nossos artistas.A ciência e a tecnologia deverão ser desenvolvidas e utilizadas para nossos interesses, não para generalizar desemprego, destruir a natureza ou produzir armas e guerra.
Queremos que esporte e lazer façam parte do nosso cotidiano e que tenham facilidade para viajar para todos os lugares de nosso país.
Os grupos de extermínio terão que acabar e a polícia, ao invés de nos perseguir, vai Ter que prender aqueles que destroem a natureza, que roubam o dinheiro do povo, que vendem a droga e promovem a prostituição.
Brasileiro, formado pelas várias raças que se somaram e se uniram, nosso socialismo terá de acabar de fato com a discriminação e os preconceitos de toda a espécie. Nele exigiremos direito à saúde, à habitação e ao futuro. A natureza será protegida como será nosso povo. Nossa infância terá atenção e ao invés de viver jogada pelas ruas, terá o direito de brincar e de crescer sorrindo.Ajudaremos a acabar com o analfabetismo e com a ignorância. O povo aprenderá a linguagem dos computadores e da Internet, mas não deixará de lado o seu hábito de diálogo franco e seu contato social permanente. Queremos que TVs, Rádios, Cinemas e todos os meios de comunicação deixem de ser instrumentos de quadrilhas e sirvam aos nossos interesses.
Parece utopia, mas é plenamente realizável. Nós transformaremos a face do Brasil. Nunca negamos nossa rebeldia e força para as grandes transformações. A revolução que queremos exige muita luta. Não será obra fácil. De sua edificação terão que participar os trabalhadores do campo e da cidade, a juventude, os artistas e as personalidades populares. A união popular será a arma principal para vencermos. Dela deverão participar os sindicatos, as entidades estudantis e todas as organizações do povo. Os partidos do povo, unidos, deverão também fazer parte de uma ampla frente por uma vida nova.
"O homem coletivo sente a necessidade de lutar" - [Chico Science]
É para construir essa vida nova que te convidamos. A solidão não cabe para nós, pois vivemos a luta deste tempo - cruel sim, mas também desafiador. Juntos escreveremos a história desse novo Brasil que desejamos.
Aqui, na União da Juventude Socialista, vão se encontrar as bandeiras vermelhas, verde-amarelas e os nossos anseios, nossa rebeldia, nossa solidariedade e a luta diária pelo socialismo. Não nascemos para o silêncio, nascemos para cantar e viver outra vida, melhor e mais justa. Assim será a república de trabalhadores que ajudaremos a construir. Nela estarão "os meninos e o povo no poder...". Nela estará hasteada bem alta a bandeira do socialismo e, nas faces, estampada a nossa alegria.