terça-feira, 31 de março de 2009

Encontro de Universitários da UJS inicia a “maior mobilização da história dos Congressos da UNE”

A União da Juventude Socialista realizou, nos dias 23 e 24 de março, o maior Encontro nacional de Estudantes Universitários de sua história. O evento, que ocorreu na capital de São Paulo, reuniu quase trezentas lideranças estudantis e deu a largada no que pretende ser o maior processo de mobilização já visto para um Congresso da UNE.

Em clima de muita unidade política e de superação, a militância destacou a necessidade de aproveitar o momento político favorável para enraizar a UJS nas grandes universidades, através da realização de milhares de novas filiações e da formação de núcleos.
“É preciso aproveitar o momento do Congresso, que mobiliza centenas de milhares de estudantes universitários, para apresentar as ideias da UJS e construir nossa força política nas grandes universidades. O desafio é a superação de todas as dificuldades para construir o maior processo de mobilização já visto para um Congresso da UNE”, aponta Marcelo Gavião, presidente da UJS.
Crise capitalista em debate
A primeira mesa de debates do Encontro foi sobre a crise econômica, seus impactos no país e as alternativas para sair dela, apresentada por Dilermando Toni (Diler), membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil.

Diler ressaltou as melhores condições acumuladas pelo Brasil para enfrentar a situação, levantou o importante papel que a China tem jogado no mundo, despontando como país em ascensão e que pode emergir mais bem posicionado da crise no jogo de poder mundial e apontou o socialismo como saída de fundo para solução das contradições do sistema capitalista.
O palestrante também se deteve em expor a tática que os comunistas defendem para o momento no Brasil, que prega a conformação de um novo pacto político, através da união entre trabalhadores, movimentos populares, forças progressistas e empresários do setor produtivo em contraponto ao predomínio econômico e político do capital financeiro.

"Temos que formar uma frente ampla para tentar vencer esse pessoal, a partir de um pacto político e social. Assim levaremos enorme vantagem. Dizem que o Brasil tem melhores condições de enfrentar a crise justamente porque não adotou integralmente o neoliberalismo e preservou bancos públicos importantes, estatais importantes, como a Petrobrás. Precisamos unir forças e aproveitar o momento para derrotar o capital financeira e conduzir o país à saída crise”, disse.

Os 25 anos de construção da UJS no Movimento Estudantil

A tarde, os debates recordaram a trajetória de organização dos jovens socialistas no movimento estudantil universitário, abordando acertos e erros e momentos decisivos desses vinte e cinco anos. Os palestrantes foram Ricardo Abreu (Alemão), Júlio Vellozo e Fernando Nindsberg, todos dirigentes da UJS em fases distintas.
Alemão fez um resgate histórico da formação da UJS, sucessora da “Viração” do início dos anos 80, e herdeira do trabalho realizado entre os universitários pela Ação Popular (AP). O dirigente também lembrou a atualidade da sistematização elaborada no 10º Congresso da UJS que elenca dez pontos da concepção dos jovens socialistas sobre a ação no ME.

Para Fernando Nindsberg, os desafios da atual geração são ainda maiores do que os anteriores, pois as necessidades para uma corrente revolucionária são crescentes. Também apontou a capacidade de ser “contemporânea” como uma das razões do sucesso da entidade entre os jovens.
Júlio Vellozo frisou que a ousadia é fundamental para o movimento juvenil, em particular para a ação entre os universitários e lembrou as alterações nas regras eleitorais da UNE, a retomada da sede no Flamengo e a manifestação de 16 de agosto de 2005 como exemplos de coragem política.

A maior mobilização para um Congresso da UNE

A manhã de terça-feira foi reservada ao debate sobre o projeto estratégico da UJS para o movimento estudantil universitário, seguido da exposição das linhas gerais do plano de ação dos jovens socialistas para o próximo Congresso da União Nacional dos Estudantes.
A ideia de construir a maior mobilização da história para um Congresso foi amplamente aceita pela militância, o que exigirá dialogar com milhões de alunos durante a campanha e intensificar o trabalho de filiação e organização da UJS durante o processo.

O movimento Da Unidade Vai Nascer a Novidade, lançado pela UJS para o Congresso da UNE, terá o desafio de ultrapassar o número de um milhão de votantes na soma das eleições que realizar para o 51º Congresso da UNE.

“Essa meta não é por acaso, mas por exigência da conjuntura política. Fortalecer a UJS e a UNE é fundamental para conduzir a luta da juventude contra os efeitos da crise, para influenciar e fazer vitorioso um programa de mudanças profundas em nosso país nas eleições de 2010. Mudanças que nos aproximem do nosso objetivo estratégico, que é a construção de uma sociedade socialista”, reforça Marcelo Gavião.


www.ujs.org.br

terça-feira, 24 de março de 2009

PEC e Plano Nacional de Juventude: o legado de uma geração

por Danilo Moreira*

Encontram-se em fase final de tramitação no Congresso Nacional, duas importantes matérias que, se aprovadas, contribuirão decisivamente para o desenvolvimento do país e para melhoria da qualidade de vida de 50 milhões de brasileiros e brasileiras situados na faixa etária de 15 a 29 anos.Estamos falando da Proposta de Emenda Constitucional (PEC42/2008), que insere no capítulo dos Direitos e Garantias Fundamentais, o termo juventude na Constituição Federal. Ao reconhecer esta parcela da população, como segmento prioritário para a elaboração de políticas públicas, como já fora feito com idosos, crianças e adolescentes, avançaremos no sentido de superarmos o binômio juventude-problema para um patamar onde a juventude seja compreendida como um grupo de sujeitos detentores de direitos.

O texto da PEC da Juventude, como ficou conhecida, indica ainda necessidade de aprovação de uma segunda matéria, um Projeto de Lei (PL) estabelecendo o Plano Nacional de Juventude. Tal plano aponta uma série de metas que deverão ser cumpridas pela União, em parceria com Estados, Municípios e organizações juvenis nos próximos 10 anos. Formado por diversas ações articuladas nas áreas de cultura, saúde, esporte, cidadania, trabalho, inclusão digital, educação, etc.

O PL 4530/2004, que trata do Plano Nacional de Juventude, já foi aprovado por uma comissão especial na Câmara dos Deputados e aguarda apenas a votação em plenário. Como o relatório foi aprovado em dezembro 2006, o Conselho Nacional de Juventude – Conjuve, está propondo sua atualização e votação ainda este ano. Para tanto necessitaremos de um esforço concentrado de parlamentares, governo federal, lideranças dos movimentos juvenis e da sociedade civil, visando a negociação de uma nova versão.

O que para muitos pode parecer uma questão organizativa e sem resultado no curtíssimo prazo, na verdade representa uma visão estratégica sem precedentes sobre este importante segmento populacional, por vezes tratado numa perspectiva de futuro, mas nunca construído como uma realidade do presente, ou até mesmo encarado de maneira imediatista e reativa aos “problemas da juventude”.

A cristalização deste tema em nossa Carta Magna, a atualização e aprovação de um Plano Nacional, estabelecendo metas para as Políticas Públicas de Juventude nos próximos 10 anos, são a melhor expressão da luta desta geração por mais direitos e, em última instância, pela efetiva democratização do Estado.

O mais importante, porém, é que para a concretização desta vitória o caminho escolhido não ficou restrito à articulação em gabinetes governamentais e parlamentares, sempre muito receptivos, diga-se de passagem. Todas as vezes que estes foram procurados, foi sempre em nome de uma ampla mobilização social dos próprios movimentos juvenis e com forte envolvimento dos mais diversos setores da sociedade civil organizada. Basta constatar os resultados da 1ª Conferência Nacional de Juventude, realizada em 2008, envolvendo mais de 400 mil participantes, e que indicou a necessidade da PEC e do Plano Nacional de Juventude ente suas mais fortes prioridades.

Caminhamos para os dois últimos anos do governo Lula, que teve como mérito o ineditismo na criação de uma Política Nacional de Juventude. Não devemos, porém, nos contentar com este avanço e muito menos deixar que esta iniciativa fique circunscrita ao período de um governo, sem garantias de continuidade após 2010. Por isso, é que precisamos extrapolar os limites da luta entre ‘governo’ e ‘oposição’ e colocar este tema na agenda do projeto de país que queremos, podemos e estamos construindo como legado a esta e às próximas gerações. É chegado o momento de alçar definitivamente política de juventude à condição de política de Estado. O Brasil precisa, a juventude quer.
*Danilo Moreira é Secretário-Adjunto da Secretaria Nacional de Juventude, presidiu o Conselho Nacional de Juventude - Conjuve, em 2008 e foi Coordenador da 1ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Altamiro Borges: A crise mundial está só no começo

Por Altamiro Borges

Os últimos dados econômicos indicam que a crise capitalista será mais destrutiva do que muitos imaginavam. Ela está mais para um tsunami do que para uma "marolinha". Ainda não deu para prever sua dimensão ou duração, mas ninguém mais duvida dos enormes estragos que causará e muitos se recordam do desastroso crash de 1929, que só atingiu o seu pico quatro anos depois — em 1933.


Os países capitalistas centrais estão derretendo. A economia dos EUA, apesar do socorro dos cofres públicos, não dá qualquer sinal de recuperação. Como descreve uma excelente reportagem do jornal Avante, do Partido Comunista Português, o cenário é dramático, desesperador.

"Com a economia e o desemprego a baterem todos os recordes negativos, os trabalhadores dos EUA enfrentam a fome e a degradação das condições de vida. Somente em fevereiro, segundo dados oficiais, registrou-se a perda de cerca de 700 mil empregos, cifra idêntica às apuradas em dezembro de 2008 e janeiro deste ano. Estes números elevam a taxa de desemprego para 8,1%, a mais alta dos últimos 25 anos... Desde dezembro de 2007, a economia norte-americana já perdeu quase 4,5 milhões de empregos, a maior perda desde a 2º Guerra".

O jornal cita a queda de 6,2% do PIB no último trimestre de 2008, a retração de 21,1% nos investimentos privados, a redução de 23,6% nas exportações e o abrupto aumento dos dependentes de cupons alimentares, já usados por 31 milhões de pessoas que passam fome e privações — um em cada dez estadunidenses.

O descolamento dos "emergentes"

As potências capitalistas da Europa vivem um quadro semelhante. O Financial Times divulgou nesta semana dados sobre a indústria no Reino Unido, França e Suécia, que comprovam a brutal retração econômica. Tecnicamente, a Europa já está em recessão. O PIB recuou 1,5% no último trimestre do ano passado, marcando o pior período desde a criação do Euro, em 1995. A recessão impulsiona o Banco Central Europeu (BCE) a cortar novamente a taxa básica de juros — que já se encontra no seu nível histórico mais baixo, de 2% — e aumenta a pressão pela estatização integral do sistema financeiro, que está totalmente apodrecido e contagia o restante da economia.

Mesmo nos chamados países emergentes, o cenário é preocupante e questiona a complicada tese sobre o "descolamento". Na China, com uma economia altamente dependente das exportações, as vendas externas tiveram em fevereiro a maior retração desde 1998, com queda de 25,7% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Foi o quarto recuo consecutivo das exportações chinesas. No Brasil, a forte retração de 3,6% no PIB no último trimestre de 2008 ascendeu a luz vermelha e forçou o Banco Central a recuar na sua política criminosa de juros estratosféricos. A produção industrial tem encolhido e o desemprego se torna rapidamente uma dura realidade.

Limites históricos do capitalismo

Estes dados, entre outros, parecem confirmar as previsões mais pessimistas sobre a gravidade da crise. Em recente palestra em Buenos Aires, o intelectual francês François Chesnais afirmou que a economia capitalista vive "uma verdadeira ruptura, num processo de crise com características comparáveis à crise de 1929, ainda que se desenvolva num contexto diferente. É preciso recordar que aquela crise se desenvolveu como processo: começou em 1929, mas seu ponto culminante se deu depois, em 1933, e abriu caminho para uma longa fase de recessão. Digo isto para sublinhar que vivemos as primeiríssimas etapas de um processo de amplitude e temporalidade. Estamos diante de um desses momentos em que a crise exprime os limites históricos do capitalismo".

Citando uma passagem do livro O Capital, de Karl Marx, ele lembra que "o verdadeiro limite da produção capitalista é próprio capital... O meio empregado — desenvolvimento incondicional das forças produtivas — choca-se constantemente com o fim perseguido, que é um fim limitado: a valorização do capital existente. Por conseguinte, se o regime capitalista de produção constitui um meio histórico para desenvolver a capacidade produtiva material e criar o mercado mundial correspondente, envolve ao mesmo tempo uma contradição constante entre essa missão histórica e as condições sociais de produção próprias deste regime".

"Uma catástrofe para a humanidade"

Sem cair numa visão fatalista, Chesnais prevê que o sistema terá dificuldades para superar a crise e cita Marx: "A produção capitalista aspira constantemente a superar os limites imanentes a ela, mas só pode superá-los recorrendo a meios que voltam a levantar diante dela os mesmos limites, e ainda com mais força". A ofensiva neoliberal, com a desregulamentação financeira e o desmonte do keynesianismo, foi a resposta do capital à crise capitalista já presente nos anos 70. Mas ela não superou os limites imanentes do sistema e, ainda, agravou-os. "Um dos métodos escolhidos pelo capital para superar seus limites se tornou fonte de novas tensões, conflitos e contradições".

Os outros dois meios usados pelo capital para enfrentar sua crise foram: a criação descontrolada de capital fictício e a ampliação do mercado mundial, com a incorporação da China. O primeiro já teria sucumbido. "Toda a etapa de liberalização e de globalização financeira dos anos 80/90 foi baseada na acumulação de capital fictício, sobretudo em mãos dos fundos de investimento e de pensão". Este mecanismo entrou em colapso nos EUA. "Agora, eles estão desmontando este processo. Mas dentro dessa desmontagem, há processos de concentração do capital financeiro... Há uma fuga para frente que não resolve nada [...] e isso é um fator de perturbação ainda maior".

Quanto à China, ele não se arrisca a prever sua capacidade de resistência. Mas, numa abordagem polêmica, avalia que ela não se manterá imune. "A China é realmente um lugar decisivo, porque até as pequenas variações na sua economia determinam a conjuntura de muitos outros países do mundo". Com base nesta análise, Chesnais prevê que a crise mundial será mais grave do que se previa há alguns meses. Diante das críticas ao seu "catastrofismo", enfatiza: "Na realidade, creio que estamos diante do risco de uma catástrofe, mas não do capitalismo e sim da humanidade".

"Tempestade global" e o Brasil

No mesmo rumo, a economista Maria Conceição Tavares também teme que a crise só esteja no início. "Estamos diante de uma tempestade global. Não é apenas a violência que assusta; há o fato de que sua origem financeira torna tudo absolutamente opaco no horizonte da economia mundial. Mente quem disser que sabe o que virá e quanto tempo vai durar. Minha percepção é que será uma guerra de resistência". Para ela, a atual crise "é dramaticamente mais séria que a de 29. Ela ainda não alcançou a proporção daquela, mas o núcleo financeiro dos EUA está carcomido. Os maiores bancos praticamente agonizam. Baixas dessa magnitude não ocorreram nem em 29".

Quanto ao Brasil, motivo maior de preocupaçao da brasileiríssima Conceição Tavares, ela se diz preocupada, mas sempre otimista. "O Brasil tem condições de segurar o manche e aguentar... A luta será dura. Mas, pela primeira vez na história, o país enfrenta uma crise mundial sem ter que carregar o setor público nas costas. E isso é inédito. Nesta crise, o Estado não está afundado em dívida externa, para não dizer totalmente quebrado, como ocorreu nos anos 90. Significa mais do que não ter um peso morto. Significa um Estado em condições de amparar o investimento, o emprego e o capital de giro da economia... Basta ter determinação política". A questão é: será que o governo Lula está disposto a enfrentar a tempestade com ousadia e determinação política?

quinta-feira, 12 de março de 2009

UnB vai investir cerca de R$ 13 milhões para terminar obras inacabadas. Esqueletos já custaram mais de R$ 3 milhões à UnB

Camila Dumiense
Da Secretaria de Comunicação da UnB


(Obra do prédio da Face, parada desde 2007 por falência da empresa construtora)

A Universidade de Brasília vai investir cerca de R$ 13 milhões para acabar com os "esqueletos" do campus, como são conhecidas as obras abandonadas. Os prédios da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação (Face) e do Serviço de Processamento de Roupas- SPR do HUB (lavanderia) já custaram R$ 3,2 milhões à UnB e, agora, serão concluídos. “Nós vamos enterrar esses esqueletos”, garante o decano de Administração, Pedro Murrieta.

O objetivo é não apenas construir a estrutura física dos edifícios, mas também equipá-los para que funcionem imediatamente. "O Hospital Universitário de Brasília (HUB) já ficou um ano esperando aparelhos após a conclusão de algumas obras", explica Murrieta. “Isso não vai acontecer. Nós vamos terminar."

Para o estudante de Direito André Gomes, a conclusão da obra do prédio da Face vai melhorar a segurança na região. “Ali, à noite, o perigo é enorme. O local é muito escuro e isolado. Isso facilita a ocorrência de sequestros”, diz.

Formada em direito pela UnB no segundo semestre de 2008, Bruna Mendes afirma que o novo edifício irá melhorar a falta de espaço físico da Faculdade de Direito (FD), que atualmente é dividida com os cursos de Administração e Contabilidade. “A gente sente falta de uma estrutura melhor. Existem poucas salas. O novo prédio da Face vai nos aliviar um pouco.”

O diretor da Face, César Augusto Silva, afirma, no entanto, que a conclusão da obra não vai resolver o problema da falta de espaço da unidade. “A faculdade se expandiu muito nos últimos anos e isso não estava previsto no projeto inicial”, diz. Segundo ele, a criação de novos cursos e centros e o crescimento dos já existentes exigem um local ainda maior. “O novo prédio resolveria o problema no passado, hoje não resolverá mais.”

A construção do prédio da Face comecou em junho de 2006, mas foi paralisada um ano depois por causa da falência da empresa Milênio, responsável pelo canteiro de obras na época. O Instituto da Criança e do Adolescente (ICA), localizado no HUB, também foi prejudicado, e a construção do edifício, iniciada em 2005, foi paralisada em setembro de 2007. A obra do ICA foi retomada em janeiro de 2009 e continua em andamento.

LAVANDERIA - Segundo o diretor do Centro de Planejamento Oscar Niemeyer (Ceplan), Alberto Alves de Faria, a construção do prédio do Serviço de Processamento de Roupas do HUB foi paralisada devido a problemas de incompatibilidade contratual, detectados após auditoria. Quem passa pela área hoje encontra apenas os esqueletos do prédio, a mesma paisagem desde 2007. O reinício da obra é uma das prioridades da UnB.

Outra construção paralisada é a do edifício da Fundação Universitária de Brasília (Fubra), de recursos da própria entidade. Segundo o diretor presidente da fundação, Paulo Celso Gomes, o motivo da paralisação foram problemas estruturais de execução. Cerca de 80% do prédio já estava concluído quando a obra foi interrompida. "O que falta agora é apenas a correção simples de engenharia, como o reforço estrutural na laje", diz. A previsão é de que a reforma seja reiniciada no final de março e finalizada em setembro.

METAS- A UnB também vai readequar todo o seu sistema de obras. Uma das propostas já aprovada pela comissão responsável pelo assunto é a criação de um grupo permanente de licitação. A equipe trabalhará para evitar que um mesmo órgão fique responsável por várias etapas da realização das obras, como atualmente acontece. “A distribuição de tarefas é muito ruim. A comissão permanente vai propor um reequilíbrio entre esses órgãos”, ressalta o decano de Administração, Pedro Murrieta.

Todas as construções, incluindo as futuras e as que estão em andamento, também serão reprogramadas. A comissão de obras está relacionando prioridades, conforme a demanda da universidade. Cerca de 150 locais estão na lista, que será encaminhada para análise da Reitoria na próxima semana.

SITUAÇÃO DAS OBRAS- Dentre as prioritárias, estão as obras do Reuni, programa de expansão das universidades federais brasileiras, que já possuem R$ 53 milhões garantidos para a execução. O programa prevê a construção de um novo bloco de salas de aula entre Instituto de Biologia (IB) e a Faculdade de Ciências da Saúde (FS). Também estão no projeto a reforma dos laboratórios do Instituto de Física (IF) e a construção da nova Casa do Estudante Universitário (CEU), com capacidade para 600 moradores.

A obra do Instituto Central de Ciência (ICC), que está em fase de andamento, também é essencial. “Nós temos situações no ICC que devem ser urgentemente equacionadas”, afirma Murrieta. Segundo o decano, a meta é reformar as instalações para o bom funcionamento do Minhocão. “Ao longo desses anos, o ICC teve um serviço de manutenção pouco planejado e muito mal feito. Nós vamos tentar reverter esse quadro”, diz. Algumas reformas, como a dos banheiros, já estão concluídas. Está prevista, ainda, a recuperação de 16 salas de aula e de cinco anfiteatros.

Outra reforma em andamento é a do Restaurante Universitário (RU). Os banheiros e vestiários já estão em fase de conclusão. A próxima etapa será reformar as cozinhas. A decana de Assuntos Comunitários, Rachel Nunes, destaca a importância da obra. “Nós encontramos o RU em condições muito precárias. Esse trabalho vai mudar a qualidade de vida dos funcionários do restaurante”, diz. O RU está fechado para atendimento ao público e irá retomar atividades no dia 23 de março, somente como refeitório. Só a partir de abril, voltará a produzir refeições.

MORADIA ESTUDANTIL - A reforma da Casa do Estudante Universitário, estimada em pouco mais de R$ 2 milhões, está prevista para começar este ano. “A nossa preocupação é de que os alunos tenham uma qualidade de vida digna. Foram muitos anos de abandono”, afirma Rachel. Os prédios terão instalações elétricas e hidráulicas reformadas, além da troca de pisos e pias dos apartamentos.

OBRAS PRIORITÁRIAS SE DIVIDEM EM QUATRO GRUPOS

1 - PARALISADAS
- Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação (FACE)
- Fundação Universitária de Brasília (FUBRA)
- Serviço de Processamento de Roupas - SPR (Lavanderia do HUB)

2 - EM ANDAMENTO
- Associação dos Aposentados da FUB (APOSFUB) e dos EX-Alunos (Ex-UnB)
- Centro de Informática (CPD)
- Centro de Referência em Conservação da Natureza e Recuperação de Áreas Degradadas (CRAD)
- Clínica Odontológica e Farmácia Escola
- Instituto de Biologia (IB)
- Instituto Central de Ciência (ICC)
- Instituto da Criança e do Adolescente (ICA)
- Instituto de Química (IQ)
- Restaurante Universitário (RU)

3 - OBRAS DO REUNI
- Bloco de salas de aula
- Construção de nova Casa do Estudante Universitário (CEU)
- Reforma dos Laboratórios do Instituto de Física (IF)

4 - FUTURAS
- Piscinas do Centro Olímpico (CO)
- Reforma dos prédios da Casa do Estudante Universitário (CEU)


Secom

Links:

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UJS DF cumpre papel importante na Blitz da UBES em Defesa da Reserva de Vagas, no Senado

A blitz nos corredores do Senado aconteceu nesta quarta-feira (11). Fruto de muito debate nas escolas, contou com a mobilização de estudantes de diversas cidades satélites do DF. Os estudantes foram recebidos pelo presidente do Senado, José Sarney. Do gabinete de Sarney, eles seguiram para outros gabinetes, em busca de apoio para o projeto

A luta pela aprovação do projeto de lei da Câmara 180/08, que reserva 50% das vagas em universidades federais e estaduais para alunos egressos de escolas públicas ganhou novo gás nesta quarta-feira (11).

A juventude tomou conta do Senado Federal, em Brasília (DF). Com camisetas estilizadas, faixas e panfletos, centenas de estudantes de diversas regiões do País ocuparam o Senado em uma manifestação para pressionar os parlamentares a aprovarem imediatamente o projeto. O texto aguarda deliberação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), presidida pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

Durante a Blitz da Reserva de Vagas mobilização organizada pela UBES, o presidente da entidade Ismael Cardoso, ressaltou a importância da aprovação do projeto como instrumento de inclusão de milhares de brasileiros que não conseguem entrar numa universidade.

"Não aceitamos mais ficar de fora da universidade. Viemos conversar com cada senador e pedir o apoio pela aprovação do projeto. O Senado precisa atender a um anseio da população, que apóia amplamente o mecanismo", explicou.

O grupo de estudantes de diversos estados e entidades estudantis – circulou pelos corredores da Casa para argumentar com os senadores e reivindicar o apoio à reserva de vagas. Os jovens foram recebidos também pelo presidente do Senado, José Sarney.

"O que acontece hoje é que quem estuda no ensino médio privado entra para a universidade pública e quem estuda no ensino médio público entra para a universidade privada", protestou Ismael.

Os estudantes pediram o apoio de Sarney para a aprovação da reserva de vagas. Apesar de se dizer favorável à medida, o presidente da Casa afirmou que, para que o projeto seja colocado em pauta, será necessário primeiro aprová-lo na CCJ.

A passagem pela capital federal foi finalizada com um ato, em que palavras de ordem como "Filho de pedreiro vai poder virar doutor", "Sou estudante, quero estudar. Reserva de Vagas Já!", chamaram a atenção dos parlamentares, funcionários e demais pessoais que passavam pelo Congresso Nacional. Vale ressaltar que a realização do ato só foi possível do lado de fora do Senado, já que somente um grupo menor foi autorizado a entrar e falar com os senadores.

As cotas já vêm sendo adotadas no país, mas não existe uma lei aplicável a todas as universidades públicas. Nem todas as instituições aderiram à política, e as que adotam esse tipo de programa criam regras próprias para garantir a reserva de vagas para negros e pardos - e, eventualmente, também indígenas.

Acompanhe a tramitação do projeto
O projeto foi apresentado na Câmara pela deputada Alice Lobão (DEM-MA). O texto prevê que as vagas para os segmentos étnicos - reservadas por curso e turno - sejam ocupadas por aqueles que se autodeclararem negros, pardos ou indígenas. A distribuição de vagas por cada um dos grupos será, no mínimo, igual à proporção dessas etnias na região onde estiver instalada a instituição de ensino, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Demóstenes disse ainda que o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) deverá apresentar na reunião da CCJ desta quarta-feira (11) proposta de audiência pública para debater o tema. Com isso, ele acredita que o projeto será reformulado, não ficando na forma como recomendado pela relatora, Serys Slhessarenko (PT-MT), que defende a instituição das cotas. Tasso deverá apresentar voto em separado na reunião seguinte, após pedido de vista da proposição.

Ouvida depois da visita dos estudantes ao presidente da CCJ, a senadora Serys Slhessarenko minimizou a polêmica em torno da matéria e disse que, provavelmente, fará algumas modificações em seu relatório, para tornar mais clara sua redação.

- O senador Demóstenes está contrário, assim como outros senadores, porque acha que é uma questão de renda, que tem de ficar mais explícita, o quanto está para a questão de renda e o quanto está para a questão de raça. Vamos explicitar a redação. É isso que nós vamos buscar e não será necessário o voto em separado - disse a senadora.

Serys elogiou a participação de integrantes da UBES, que vieram ao Senado para pressionar pela aprovação da proposta. Disse que há "uma parte interessada, que está mostrando sua opinião, sua busca, sua vontade".


Fonte: Estudantenet e Agência Senado - Com Adaptações

segunda-feira, 9 de março de 2009

UBES vai ocupar Senado em defesa da reserva de vagas


























Estudantes farão vigília no plenário do Senado para pressionar pela aprovação do Projeto de Lei.

A UBES está convocando estudantes de todo o País para uma ocupação no Senado Federal em defesa da reserva de vagas no dia 11 de março. O objetivo é pressionar os parlamentares pela aprovação do PL 3.913/08, que reserva 50% das vagas em universidades públicas para alunos de escolas públicas.

Dentro desta cota, haverá vagas específicas para candidatos que se declararem negros ou índios, proporcionais de acordo com a região do país em que está a instituição de ensino. Os deficientes também teriam vagas reservadas, independente de terem estudado em escolas públicas.

"Sempre defendemos a reserva de vagas, pois compreendemos que só dando oportunidade ao povo é que poderemos transformar nosso País. Nessa ocupação vamos reforçar nosso posicionamento e pressionar para que o projeto seja aprovado o quanto antes", afirma o presidente da UBES, Ismael Cardoso.

O projeto

As vagas reservadas pelo sistema devem ser preenchidas por candidatos "autodeclarados negros, pardos e indígenas", em número no mínimo igual à proporção destas populações no Estado onde fica a instituição de ensino. Para tanto, serão considerados os dados do último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Um acordo entre os parlamentares também incluiu um critério social no sistema de cotas. Assim, 25% das vagas reservadas serão destinadas para aqueles que, além de terem estudado em escolas públicas, sejam de famílias com renda de até um salário mínimo e meio por pessoa (cerca de R$ 622,50), independente de raça ou etnia.

De acordo com o texto, as universidades públicas deverão selecionar os alunos do ensino médio em escolas públicas tendo como base o coeficiente de rendimento, obtido através de média aritmética das notas ou menções obtidas no período, considerando-se o currículo comum a ser estabelecido pelo Ministério da Educação. As cotas deverão ser respeitadas em cada curso e turno das universidades.

O texto faculta às instituições privadas de ensino superior o mesmo regime de cotas em seus exames de ingresso.

Da Redação do EstudanteNet

domingo, 8 de março de 2009

8 de março, dia de Maria Bonita

Por ironia do destino, a mulher mais guerreira do nosso sertão nasceu no dia 8 de março. Não ficou conhecida por ser carinhosa, sutil muito menos por ser delicada. Entrou para história como uma mulher guerreira, de armadura sertaneja para batalhas impiedosas no torrão. Maria Bonita, o ícone da mulher nordestina!

Foi a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros. Assim foi Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Bonita. Nasceu em uma pequena fazenda em Santa Brígida, Bahia e filha de pais humildes Maria Joaquina Conceição Oliveira e José Gomes de Oliveira, Maria Bonita casou-se muito jovem, aos 15 anos. Seu casamento desde o início foi muito conturbado. José Miguel da Silva, sapateiro e conhecido como Zé Neném vivia às turras com Maria. O casal não teve filhos. Zé era estéril.

A cada briga do casal, Maria Bonita refugiava-se na casa dos pais. E foi, justamente, numa dessas “fugas domésticas” que ela reencontrou Virgulino, o Lampião, em 1929. Ele e seu grupo estavam passando pela fazenda da família. Virgulino era antigo conhecido da família Oliveira. Esse trajeto era feito com freqüência por ele. Era uma espécie de parada obrigatória do cangaceiro.

Os pais de Maria Bonita gostavam muito do “Rei do Cangaço”. Ele era visto com respeito e admiração pelos fazendeiros, incluindo Maria. Sem querer a mãe da moça serviu de cupido entre ela e Lampião. Como? Contando ao rapaz a admiração da filha por ele. Dias depois, Lampião estava passando pela fazenda e viu Maria. Foi amor à primeira vista. Com um tipo físico bem brasileiro: baixinha, rechonchuda, olhos e cabelos castanhos Maria Bonita era considerada uma mulher interessante. A atração foi recíproca. A partir daí, começou uma grande história de companheirismo e (por que não!) amor.

Um ano depois de conhecer Maria, Lampião chamou a “mulher” para integrar o bando. Nesse momento, Maria Bonita entrou para a história. Ela foi a primeira mulher a fazer parte de um grupo do Cangaço. Depois dela, outras mulheres passaram a integrar os bandos.

Maria Bonita conviveu durante oito anos com Lampião. Teve uma filha, Expedita, e três abortos. Como seguidora do bando, Maria foi ferida apenas uma vez. No dia 28 de julho de 1938, durante um ataque ao bando um dos casais mais famosos do País foi brutalmente assassinado. Segundo depoimento dos médicos que fizeram a autópsia do casal, Maria Bonita foi degolada viva.

fonte - http://culturanordestina.blogspot.com/2008/03/8-de-maro-dia-de-maria-bonita.html

UJS, CTB, UBM e UNEGRO realizam atividades conjuntas no Dia Internacional da Mulher no DF

As entidades realizaram um ato às 10 horas da manhã, junto à Torre de TV no Plano Piloto.

Segundo Santa Alves, uma das organizadoras do evento, "nossa luta é que a crise não seja desculpa para que os muros da exclusão continuem erguidos mantendo as mulheres com baixos salários e aumentando o subemprego/desemprego".

De Brasília
Gustavo Alves

sexta-feira, 6 de março de 2009

UJS - DF REALIZA REUNIÃO DA DIREÇÃO NESTE SÁBADO

Será amanhã (07/03) a reunião da direção da União da Juventude Socialista do Distrito Federal que contará com a presença de todos os seus diretores e alguns convidados.
O clima é de grande entusiasmo visto que a UJS passa por um momento especial na sua história.
Na pauta estão o debate de conjuntura, o planejamento das secretarias, a definição da agenda de atividades das próximas lutas a serem travadas no Distrito Federal, que são muitas.

Em nota, UNE repudia criminalização dos movimentos sociais e apóia MST

Entidade avalia que a tentativa de criminalização não se consolida, pois não comprova irregularidades

Nas últimas semanas, a mídia brasileira vem publicando reportagens na tentativa de criminalizar ações de entidades ligadas ao movimento social, e em especial ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Em nota, a UNE reafirma seu apoio à entidade e repudia qualquer tentativa de descaracterizar a luta do movimento social. "Na última semana, importantes veículos de comunicação noticiaram um leque de matérias com o objetivo de criminalizar o MST. Entretanto, não conseguem demonstrar qualquer irregularidade em relação às referidas verbas públicas recebidas e tomam parte ao tratar sobre os casos de confronto no campo". Leia abaixo a íntegra do documento.
Nota de solidariedade ao MST


A UNE vem a público denunciar e repudiar a crescente criminalização dos movimentos sociais que vem sendo empreendida por veículos de comunicação do país e pelo presidente do STF, Gilmar Mendes.

Os veículos de comunicação são um espaço privilegiado do debate público e devem servir a este fim, veiculando as diversas opiniões existentes na sociedade acerca de temas de interesse público. Entretanto, algumas empresas de comunicação transformam seus noticiários em verdadeiros panfletos do conservadorismo, empreendendo veementes campanhas contra aqueles que ousam defender transformações sociais.
Na última semana, importantes veículos de comunicação noticiaram um leque de matérias com o objetivo de criminalizar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Entretanto, não conseguem demonstrar qualquer irregularidade em relação às referidas verbas públicas recebidas e tomam parte ao tratar sobre os casos de confronto no campo.
Os mesmos que criminalizam o MST se calam perante os massacres de camponeses – que continuam ocorrendo como outrora em Eldorado dos Carajás – e frente a realidade de trabalhadores que ousam lutar pela reforma agrária (que já ocorreu em todos os chamados países desenvolvidos do mundo) e acabam vitimados por fazendeiros e seus jagunços.
Como entidade marcada historicamente pela luta em defesa da democracia e da justiça social, repudiamos o papel vergonhoso empreendido por importante parcela da mídia nacional que busca criminalizar o MST e não cumpre seu papel por essência, de estimular um franco e aberto debate público acerca da necessidade da Reforma Agrária para o desenvolvimento do Brasil.

União Nacional dos Estudantes (UNE)

quarta-feira, 4 de março de 2009

UBES prepara blitz no Senado pela Reserva de Vagas

A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas prepara uma blitz, no Senado, pela aprovação imediata do projeto de Reserva de Vagas. A proposta, aprovada no final de 2008 na Câmara, estabelece cotas de 50% das vagas nas universidades federais para alunos egressos de escolas públicas, observando percentuais de negros e índios por estado. Ainda é prevista a destinação de metade das matrículas reservadas para aqueles que vierem de famílias com até 1,5 salário mínimo per capta, a achamada "cota social".
A Reserva de Vagas é uma bandeira cara ao movimento estudantil e desde meados da década de 1990 tramitava no Congresso Nacional. A novidade é que, finalmente aprovada pelos deputados, depende apenas do parecer dos senadores para ir à sanção presidencial.Diante da oportunidade histórica, os estudantes já começam a se movimentar. No dia 11 de março, a ideia é ocupar os corredores do Senado com lideranças da UBES e de entidades estaduais, municipais e grêmios de todo o país para dialogar com os parlamentares afim de sensibilizá-los para a reivindicação.
Ismael Cardoso, presidente da UBES, está confiante de que a vitória é possível, mas alerta que também haverá reações contrárias. "Foram muitos anos de luta dos estudantes para que conseguíssemos chegar até aqui e não vamos fraquejar agora. Essa blitz que realizamos é para mostrar aos senadores que estudantes de todo o país estão ansiosos pela aprovação da Reserva e vigilantes para a posição de cada um deles. Sabemos que as reações contrárias vão existir, mas estamos preparados para lutar ainda mais e conquistar essa bandeira".
As entidades também vão lançar um abaixo-assinado para coletar apoios à proposta entre os próprios senadores, além de personalidades, intelectuais e, claro, estudantes. Ao final da atividade, acontecerá uma plenária entre as lideranças para preparar os desdobramentos dessa pauta e discutir a Jornada Nacional de Lutas, convocada para a semana que vai de 28 de março a 4 de abril.
"A mobilização do dia 11 será o ponto de partida para uma série de atividades que ocorrerão em todo o país, culminando com a grande Jornada Nacional de Lutas de março. Vamos colocar muita gente na rua para avançar a educação em nosso país", diz Osvaldo Lemos, diretor da UBES.

Ontem e hoje, em defesa da educação e contra a criminalização dos movimentos sociais


Nesta semana os movimentos sociais estão sofrendo um verdadeiro ataque midiático, com pouca fundamentação, muita especulação e, especialmente, uma forte carga de intenção em desacreditar os lutadores e lutadoras do povo brasileiro. As centrais sindicais são questionadas ao dar opinião sobre a crise financeira mundial, quando representam a opinião de milhões de trabalhadores, que sofrem impacto direto desta mesma crise. O MST vem sendo achincalhado por veículos impressos e eletrônicos, acusados de crimes das mais diversas tipificações, sem o cuidado, por parte da mídia, de garantir ao menos fatos que sustentem a versão exposta pelos jornais, exigência mínima do jornalismo em tempos de democracia. E a UNE, entidade historicamente reconhecida pelo seu papel na construção da democracia do país, também é alvo desta campanha anti-movimentos sociais.

No dia de ontem (2 de março) foi publicada no Correio Braziliense matéria intitulada “10 milhões para amansar a UNE” e hoje o mesmo tema repercutiu em alguns veículos de comunicação. Em primeiro lugar, a matéria apenas constata a realização de convênios e o recebimento de patrocínios pela entidade nesta gestão e em gestões anteriores o que não fere qualquer lei e se caracteriza como ação comum a qualquer organização da sociedade civil. Movimentos Sociais e outras organizações possuem plena legitimidade para realizar convênios e solicitar patrocínios tanto no âmbito público (governo) quanto no privado (empresas). Em segundo lugar, o título da referida matéria não é justificado em nenhum fato concreto. A matéria não esclarece nenhum caso em que a UNE tenha se calado e nem poderia, visto que tal comportamento não ocorreu em nenhum momento. A UNE, entidade que tem por marca a mobilização e a luta pela democracia e pela educação, preserva sua autonomia e independência frente a este ou a qualquer outro governo. A matéria se confunde, portanto, com um artigo de opinião, sustentada apenas no juízo de valor do autor.

Todo o recurso público recebido pela UNE tem sido utilizado para a realização de atividades de interesse dos estudantes e de toda a sociedade. Atividades como a Caravana UNE Saúde, que percorreu os 27 estados brasileiros, debatendo com mais de 1 milhão de estudantes assuntos como drogas, sexualidade, SUS e saúde pública. A Caravana realizou testes rápidos de HIV, vacinou milhares de jovens contra a Rubéola, promoveu doação de sangue e medula em mais de 40 universidades. Outra atividade recém realizada foi a 6ª Bienal de Arte e Cultura da UNE, que reuniu cerca de 15 mil estudantes e artistas Universitários no maior festival de arte e juventude da América Latina. Mais de 2 mil trabalhos artísticos foram inscritos por jovens que não teriam outros palcos para fazer circular sua produção artística.

A UNE preza pela transparência, prestando contas em todos os fóruns da entidade e junto à sociedade e cumprindo legalmente todas as cláusulas de cada convênio que celebra com o poder público e de cada patrocínio que recebe.

A matéria é irresponsável. Insinua que há irregularidades ou favorecimento à UNE sem apontar fatos concretos. A UNE, assim como qualquer organização civil, tem toda a legitimidade de pleitear verbas públicas e o faz com toda a responsabilidade e dentro dos parâmetros legais.

Lúcia Stumpf, presidente da UNE