Nesta semana os movimentos sociais estão sofrendo um verdadeiro ataque midiático, com pouca fundamentação, muita especulação e, especialmente, uma forte carga de intenção em desacreditar os lutadores e lutadoras do povo brasileiro. As centrais sindicais são questionadas ao dar opinião sobre a crise financeira mundial, quando representam a opinião de milhões de trabalhadores, que sofrem impacto direto desta mesma crise. O MST vem sendo achincalhado por veículos impressos e eletrônicos, acusados de crimes das mais diversas tipificações, sem o cuidado, por parte da mídia, de garantir ao menos fatos que sustentem a versão exposta pelos jornais, exigência mínima do jornalismo em tempos de democracia. E a UNE, entidade historicamente reconhecida pelo seu papel na construção da democracia do país, também é alvo desta campanha anti-movimentos sociais.
No dia de ontem (2 de março) foi publicada no Correio Braziliense matéria intitulada “10 milhões para amansar a UNE” e hoje o mesmo tema repercutiu em alguns veículos de comunicação. Em primeiro lugar, a matéria apenas constata a realização de convênios e o recebimento de patrocínios pela entidade nesta gestão e em gestões anteriores o que não fere qualquer lei e se caracteriza como ação comum a qualquer organização da sociedade civil. Movimentos Sociais e outras organizações possuem plena legitimidade para realizar convênios e solicitar patrocínios tanto no âmbito público (governo) quanto no privado (empresas). Em segundo lugar, o título da referida matéria não é justificado em nenhum fato concreto. A matéria não esclarece nenhum caso em que a UNE tenha se calado e nem poderia, visto que tal comportamento não ocorreu em nenhum momento. A UNE, entidade que tem por marca a mobilização e a luta pela democracia e pela educação, preserva sua autonomia e independência frente a este ou a qualquer outro governo. A matéria se confunde, portanto, com um artigo de opinião, sustentada apenas no juízo de valor do autor.
Todo o recurso público recebido pela UNE tem sido utilizado para a realização de atividades de interesse dos estudantes e de toda a sociedade. Atividades como a Caravana UNE Saúde, que percorreu os 27 estados brasileiros, debatendo com mais de 1 milhão de estudantes assuntos como drogas, sexualidade, SUS e saúde pública. A Caravana realizou testes rápidos de HIV, vacinou milhares de jovens contra a Rubéola, promoveu doação de sangue e medula em mais de 40 universidades. Outra atividade recém realizada foi a 6ª Bienal de Arte e Cultura da UNE, que reuniu cerca de 15 mil estudantes e artistas Universitários no maior festival de arte e juventude da América Latina. Mais de 2 mil trabalhos artísticos foram inscritos por jovens que não teriam outros palcos para fazer circular sua produção artística.
A UNE preza pela transparência, prestando contas em todos os fóruns da entidade e junto à sociedade e cumprindo legalmente todas as cláusulas de cada convênio que celebra com o poder público e de cada patrocínio que recebe.
A matéria é irresponsável. Insinua que há irregularidades ou favorecimento à UNE sem apontar fatos concretos. A UNE, assim como qualquer organização civil, tem toda a legitimidade de pleitear verbas públicas e o faz com toda a responsabilidade e dentro dos parâmetros legais.
Lúcia Stumpf, presidente da UNE
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