segunda-feira, 30 de abril de 2012

"ECONOMIA, CRISE E EDUCAÇÃO: CONFIRA A ENTREVISTA COM GONZAGA BELLUZZO (UNE)"

O site da UNE foi à casa do professor Luis Gonzaga Belluzzo para uma conversa sobre o momento econômico do país, educação e o papel que os movimentos sociais desempenham na luta por um país mais justo e democrático
Entender o momento econômico que o Brasil e o mundo vivem é fundamental para se pensar o país que queremos construir para os próximos 10 anos, e principalmente, que caminhos são possíveis para atingir tal objetivo. Promover esse debate é o principal objetivo da Caravana da UNE Brasil+10, que ao longo do último mês tem viajado o Brasil, levando à juventude e às universidades de todo o país essa reflexão.
Na bota da Caravana, o site da UNE foi à casa do professor e economista Luis Gonzaga Belluzzo, um dos mais reconhecidos e respeitados intelectuais do país, para conversar sobre o momento econômico do Brasil e alimentar a reflexão do papel que a juventude quer desempenhar na construção dos próximos 10 anos.
Na sala de jantar do professor, que é um misto de biblioteca e escritório, repleta de livros cuidadosamente organizados, o economista deu uma verdadeira aula para a equipe. Fundador da Facamp (Faculdade de Campinas), Belluzzo também falou  sobre qualidade do ensino privado, educação pública e a importância de programas que democratizem o acesso à educação, como o ProUni.

Como você vê o papel dos movimentos sociais em relação à política econômica do país?

São os movimentos sociais que devem se impor e dizer a direção, afirmar qual deve ser a nossa política econômica e a que pé está. Cabe, atualmente, aos movimentos sociais, como aos sindicatos, pautar com intensidade as políticas econômicas do governo. É preciso pedir e ao mesmo tempo responder pelo que se pede para aprofundar as relações democráticas do país. Porque, senão, fica algo puramente corporativo. O capitalismo é um regime que tende a ser despótico, e a execução plena da democracia é o melhor cenário para que esses setores se imponham.

Que avaliação você faz da política econômica do Brasil?

Estamos em uma saia justa, numa situação clara de desaceleração e é visível o nosso impasse no que diz respeito à política econômica. Temos um problema primário de gestão de dívida pública, de apontar a direção, já que o governo não quer ficar na mão do mercado. Eu defendo, por exemplo, que se tenha um superávit fiscal parrudo. Para dizer para eles: não vem que não tem, o nosso mercado interno tem que acelerar novamente. Por outro lado, essa invasão de dólares está provocando duas coisas: primeiro você vai aumentar brutalmente as reservas. Vai comprar dólar e vai esterilizar isso para evitar efeitos monetários da conversão de dólar para real. Você compra dólares com uma taxa de juros que tem um diferencial grande com a americana. O que impacta na dívida pública. Seria um custo muito menor se você impusesse limites a essa entrada, mas teria que ser muito duro.

Na sua opinião, a política orçamentária do Brasil  benéfica a quem? Nessa luta, hoje, quem está ganhando?

O que acontece é que se construiu um consenso na forma de apropriação da riqueza que está provocando uma concentração. O poder do setor financeiro não se resume aos bancos, mas a um contingente que aprendeu a viver de rendimentos altos da sua riqueza acumulada no passado. Isso é um exemplo dramático de como a riqueza acumulada afeta a criação de riqueza para o futuro ou para outros segmentos da sociedade, porque este poder decorre da fixação da mentalidade de uma boa parte da classe média brasileira. O sistema de proteção social é ruim: o cara tem medo de ficar com uma aposentadoria ruim, medo de hospitais públicos, enfim, uma coisa se conecta a outra. Não é que os bancos necessariamente fiquem a favor de uma taxa de juros altos. Quando uma dona de casa corta gastos, ela prejudica poucas pessoas. No campo macro, quando o governo corta gastos, ele prejudica muita gente.

Falando sobre cortes, o governo federal anunciou recentemente um corte de 55 bilhões no orçamento, que chega a casa de 1,9 bilhões na educação. Como o senhor avalia esse corte?

Dentro dos limites, o orçamento é uma redistribuição dos recursos entre setores da sociedade. Por isso, é preciso lutar por uma outra forma de discussão de orçamento. É preciso que o orçamento se oriente de acordo com a estrutura social, a uma instância popular mais representativa. A gente não pode achar que o orçamento é uma distribuição técnica, isso é uma ilusão.
O orçamento público tem uma característica que, no fundo, é o resultado das pressões, visto que vivemos uma sociedade de interesses. O fato de vocês se mobilizarem é fundamental, assim como os profissionais de saúde devem se mobilizar, porque o orçamento é constituído assim, é assim que se faz, através dos interesses de cada grupo. Não há como escapar das mobilizações em uma sociedade democrática.

Em um cenário de crise econômica, que não cabe nem a adoção do Bem-Estar social nem a política neoliberal, o que o mundo espera do Brasil?

Os países, claro, esperam que nos comportemos como um todo, mas eles não têm autoridade moral para dizer como devemos nos comportar. É evidente que este é um cenário intrincado de negociações. O que o Brasil faz, neste caso específico? Se deixa carregar por essas forças de maneira passiva ou deve criar defesas usando instrumentos disponíveis para proteger sua indústria? Ou vai aceitar o avanço do processo de desindustrialização? Em dez anos, o consumidor vai perder posição porque o produtor foi expedido do mercado. Isso é grave por conta disso, sobretudo devido a taxa de urbanização que temos. O Brasil não pode deixar que ocorra uma transferência de mal-estar dos que estão hoje aqui para nossos filhos, netos.

Então o senhor enxerga um processo de desindustrialização?

Arrisco afirmar que a desindustrialização do Brasil é menos acentuada do que aquela verificada nos Estados Unidos e na Europa, em especial no Reino Unido, onde ocorre de forma bastante intensa. Mas está acontecendo, e é grave. Há um forte declínio da participação da indústria manufatureira no PIB e no emprego, revelando o que se pode qualificar de “desindustrialização precoce”. A estrutura industrial brasileira pode ser comparada a uma nebulosa em que sobressaem algumas grandes e médias empresas em cada setor. Elas têm conseguido resistir, até agora, graças à racionalização e à especialização, bem como à elevação do coeficiente de insumos importados. Para sorte do Brasil, ser exportador de commodities hoje é bem diferente do que era anos atrás, em função da inter-relação com áreas de grande sofisticação, como, por exemplo, tecnologia e comunicações.

Existe consequência para isso? Qual o futuro da indústria?

A consequência de uma possível desindustrialização a médio prazo é a perda de competitividade externa do sistema econômico como um todo. O futuro se prende a três pontos: primeiro, a indústria brasileira tem um baixo nível de inovação; segundo, há ainda pouco investimento em pesquisa e desenvolvimento; terceiro, há também pouca relação entre universidade e indústria. A novidade, em se tratando do futuro da nossa indústria, vem por conta do Pré-sal. E o impacto do Pré-sal pode ser muito bom ou muito ruim, dependendo de como os ganhos forem administrados. Será muito ruim se ocorrer no Brasil o fenômeno conhecido como doença holandesa, cujo exemplo recente mais conhecido é a Venezuela. Será bom se os ganhos do Pré-sal forem direcionados para setores que poderão alavancar o crescimento econômico e o desenvolvimento do país, como educação ciência e tecnologia.

Nos últimos anos, o Brasil manteve uma taxa de câmbio muito baixa e praticou juros muito altos. Agora, após ouvir sindicatos e movimentos, abaixou um pouco a taxa de juros e elevou a taxa de câmbio, trabalhando com um piso fixo. Como o senhor vê a interferência do governo para segurar esse piso, em contraposição à ideia de um câmbio flutuante, que sempre existiu?

A crise demonstrou limitações na política de metas desenvolvida pelos governos nos últimos anos. O que a política de metas pratica é uma impossibilidade: achar que com as taxas de juros e câmbio flutuantes você consegue controlar a política monetária e coordenar expectativas. Acontece que no mundo em que prevalece relações capitais e situações históricas diferentes entre economias, as taxas de juros não convergem, o que foi na contramão do que muitos economistas previam. As taxas de juros tem uma importância grande devido ao volume de capitas que circulam de um lado para outro. O fato da taxa global média de inflação ter caído dos anos 80 para cá tem muito a ver com o a integração produtiva, com o deslocamento da produção manufatureira dos países de renda média maior, de salários mais altos, para países com salários mais baixos. Boa parte da queda de inflação de deve ao fato de que os preços relativos dos bens manufaturados caíram assustadoramente. Uma TV LCD hoje custa, chutando alto, 2 mil reais. Antes não saia por menos de 12 mil reais.
Por isso, chegou a conclusão de que a política de metas tem lá suas limitações. É preciso ter política cambial, é preciso interferir na economia quando preciso, isso é correto, não faz mal. Não existe uma regra para a economia. A política monetária tem que ser levada de acordo com as circunstâncias.

Falando sobre educação, hoje existe um grande número de instituições privadas que são verdadeiros tubarões do ensino. Muitas vezes, utilizam do dinheiro para mercantilizar o ensino ao invés de propor melhores condições para os alunos aprenderem. Como o senhor avalia esse processo?

A qualidade de ensino nas universidades passa prioritariamente pela formação libertária e emancipadora dos estudantes, e deve apresentar uma perspectiva humanista de ensino em que as pessoas possam ter consciência crítica e melhor leitura da realidade. Segundo a Constituição Brasileira, a educação é um serviço básico, não podendo simplesmente ser oferecido sob a lógica de lucros do mercado. Na minha opinião, o ensino tem que ser fundamentalmente público, isso é uma conquista republicana. O ensino privado deve ser apenas uma complementação. O problema é que destruímos isso, principalmente no ensino básico, que é uma tragédia. E não iremos para frente sem valorizarmos a figura do professor.

Mas o ensino público fica cada vez mais distante com as privatizações…

Fica. quando eu vejo as pessoas falando de educação, falam de uma maneira bastante instrumental: “eu quero formar o pessoal para o mercado de trabalho”. Mas não é só isso, temos que formar uma pessoa integral, essa é a ideia da educação. O que é educação pública? Isso tem um sentido muito mais profundo do que as pessoas querem dar, no sentido de ser uma forma integração do cidadão à sociedade que vive, em que você tira  seu filho da particularidade da família e entrega à sociedade, para que ela eduque e o socialize de maneira decente. Mas, nós criamos um sistema em que privatizamos tudo: escola, saúde, segurança. E isso, além de ser uma combinação terrível, é um grande obstáculo, até porque as nossas classes um pouco mais altas não querem saber do sistema público.

Educação pública é sinônimo de educação gratuita para o senhor?

Sim, diferentemente do que acontece nos Estados Unidos, por exemplo. O governo fez duas coisas incríveis na educação que traduzem bem o que quero dizer. Uma é o ProUni e outra é o FIES. Dos programas que o governo desenvolveu esses dois são muito importantes e devem ser ampliados, no sentido de transformar a estrutura da universidade. Temos que caminhar para um sistema de promoção, cujo fator preponderante é o nível de renda.

Uma das maiores lutas da UNE é para que o Plano Nacional de Educação (PNE) seja aprovado com uma meta de 10% do PIB de investimento público em educação. Você acha que possível chegarmos a esse número de investimento?

Claro que é possível, não sei nem quais são os argumentos desfavoráveis para isso. É preciso estudar quais são as formas de garantir que esses recursos cheguem à educação. Todo mundo diz que  vinculação não é uma cosia boa, mas vinculação para saúde e educação é uma coisa boa, sim. São gastos que vão melhorar tudo, capacidade de gerar empregos, tudo. Não vamos esperar que setor privado vá gerar esses recursos por causa do progresso técnico. As pessoas não dão conta que no pós guerra a condição da Europa só foi possível devido aos trabalhos públicos. Por isso, é importante os movimentos se mobilizarem para conseguirem esse investimento.

Belluzzo, a UNE, neste momento, está percorrendo o Brasil com uma Caravana que irá passar por 12 estados e 24 universidades para levar aos estudantes a discussão sobre qual é o país que queremos para daqui a dez anos. Como um grande economista, como você enxerga o Brasil daqui a dez anos?

Primeiramente, queria dizer que vocês estão recolocando a UNE no papel que ela cumpriu na ditadura militar. Esse é o papel que a UNE deve ter: fazer com que os jovens se mobilizem nas discussões sobre o Brasil. Estava aqui relembrando o Aldo Arantes, o Serra tiveram um papel importantíssimo nas discussões atuais da época, como as Reforma de Base do Goulart. Isso não pode se perder, os estudantes devem estar a par dos acontecimentos do país, devem participar e propor mudanças. Eu espero que, daqui a dez anos, o Brasil seja mais igualitário e menos hipócrita. Tudo está bem distante do que eu desejaria ver, então eu realmente espero menos hipocrisia e mais esperança, mais justiça. A minha geração é herdeira dos ideais do socialismo e espero que alcancemos algo parecido, uma igualdade entre todos.
Camila Hungria, Patricia Blumberg, Virgínia Barros / Fotos Camila Hungria e Patrícia Blumberg

"Se o RAP se entregar a favela vai ter o quê?"

Sex, 27/04/12 11h11
emicida
Emicida participou no fim do ano passado de um “documentário” produzido pela Nike. Na verdade, se trata de uma campanha publicitária para divulgar um tênis da marca. Não escrevo este artigo para dizer que o rapper se vendeu e blablablá, mas para provocar uma reflexão acerca do seu empreendimento. Não afirmo que se vendeu porque não acho que esteja presente em sua obra uma visão que vá contra a ideia de inserção na campanha. E, se parece estar, talvez seja uma reflexão mais elaborada sobre as críticas do rapper do que ele mesmo conseguiu fazer, entrando em questões essenciais que podem não ter sido levantadas por ele ao fazer tais críticas. O que não o torna contraditório, mas, talvez... ingênuo. Ou talvez não.
         Confesso que me senti incomodado em ver a tal propaganda. O que pude pensar foi algo como “esses filhos da puta (burgueses, empresários, detentores do poder) conseguem se apropriar de tudo mesmo, para garantir o sucesso de seus negócios (lucro). Mais uma vez, conseguiram”. Não que não haja outros exemplos no próprio Rap, como D2 que, hoje. faz apologia à riqueza após ter tido uma carreira de destaque no Planet Hemp cantando músicas com letras que se opunham a opressão _parto do princípio de que, para ser rico, é preciso oprimir indivíduos, para que produzam o que você não consegue produzir, mas deseja acumular. Quando falo que os burgueses conseguiram, não me refiro apenas a contratar seus modelos, mas disseminar suas ideias entre as pessoas, convencê-las. Também não creio que seja tão consciente, minuciosa, essa disseminação.
          Com a minha crítica do rap “ter sido dominado” pelos empreendedores, não estou choramingando que não possam fazer isto por ser uma linguagem que não os pertence... Vejo as expressões artísticas sem fronteiras, não são exclusividade de um nicho _não posso usar tal estilo de roupa porque pertence a um grupo x ou y, ou não posso criar tal tipo de música porque pertence a tal comunidade, e estou excluso disto_ simplesmente porque este nicho só as sustenta, não as cria. Quem as cria é um ou outro, dentro deste grupo, que tem sensibilidade para isto. Por que ter o direito à exclusividade de algo que nem mesmo fui eu quem criou? Mas grande parte da sociedade insiste em segregar tais expressões. O problema que percebo nesta “dominação” do RAP é que ingenuidade de algumas pessoas, que parecem esboçar certa preocupação com o rumo da humanidade, chega ao ponto de colaborarem para manter um sistema opressor; que abram mão de seus ideais na hora em que o poder bate em sua porta; ou, na pior das hipóteses, considerar que elas são cínicas e, por isto, ajudam a te convencer, através de mensagens que parecem libertárias, a mover a engrenagem que mantém este sistema.
          Mas voltando à propaganda... ops, documentário! Nela aparecem, além do Emicida, Raulzito, Pixote, Damiris, Toddy e MC Xará _artistas e esportistas que desconheço o trabalho, mas creio terem em comum com o rapper, pela proposta do vídeo, o fato de terem saído do gueto. A ideia que captei no documentário foi a de que se você se esforçar, correr atrás dos seus sonhos, trabalhar para isto, você conseguirá concretizá-los. Bom, em nenhum momento, a propaganda deixa isto claro, que você vai “conseguir” caso se esforce, mas faz parecer que com persistência é fácil. Inclusive o nome do vídeo reforça esta ideia: É POSSÍVEL.
          Entendo esta ideia de que você pode “vencer na vida” como perversa, pois faz com que as pessoas tenham a ilusão de que há espaço para todos ascenderem economicamente, de modo significante, o que não é verdade. Não há como nós todos, nem mesmo a maioria, enriquecermos a ponto de nos tornarmos "patrão", pois para isto teríamos que dividir a riqueza, que deixaria de ser riqueza; e, se fosse possível todo mundo ser abastado, quem produziria as coisas que garantem os luxos e privilégios? A ideia do vídeo serve para conformar as pessoas a não questionarem a riqueza de outros, pois um dia elas podem se tornar ricas também, garantindo com isto a manutenção do poder econômico como é. Outro problema é que elas, iludidas com a possibilidade de ascensão, têm maior motivação para trabalhar e produzir mais. O que, no final das contas, equacionando o trabalho de todas e o quanto algumas ascenderam, não compensa o investimento, mas faz com que seus patrões, sim, lucrem mais. Isto acontece porque as pessoas pensam individualmente, não em coletivo. É como jogar na loteria: o risco de ficar rico não vale o investimento, pensando no número de jogadores e quanto eles gastam; vale mesmo, no fim das contas, é para o empreendedor que vende o bilhete.
          Intrínseca ao desejo de ascensão, que propagandas como esta reforçam, está a idéia de que ser livre é ocupar o papel do dominador, do que explora, dificultando algum movimento num sentido de libertação dos oprimidos. Ao pensarmos na liberdade como a dominação, não reconhecemos outros oprimidos como iguais, como companheiros, mas como aqueles que temos que trabalhar para dominar, o que impossibilita qualquer acordo, motim, revolta, contando com uma ação conjuta a eles.
          Enfim, esta é a ideologia que acho que o vídeo carrega, junto com ela vem também de brinde um tênis da Nike, ou melhor: o desejo de ter aquele tênis. Por quê?! Porque é legal, a Nike é parceira de gente legal e descolada. E tudo isto com a ajuda do RAP, aliás, do RAP não, de um rapper. Como diria o próprio Emicida, em uma de suas letras, “Se o rapper se entregar, a favela vai ter o quê?”. Acredito que não é do desejo de possuir um “Nike” o que ela precisa.
Fonte: Por Rafael Barros no Overmundo

domingo, 29 de abril de 2012

"Em apoio aos professores, a UBES DF fará manifestação nessa quarta"

A UBES convoca todos os estudantes secundaristas do Distrito Federal para um grande ato em defesa da valorização da educação e pelo fim da Greve. Agnelo Cumpra o Acordo!




Mais um dia de greve, mais um dia de luta. É assim que os professores do Distrito Federal tem vivido nos últimos dias. Há tempos, que a categoria vem ouvindo promessas do governo em relação a algumas reivindicações como o plano de carreira, plano de saúde, reajuste salarial, gestão democrática entre outras. Atualmente, o que se vê é um clima de tensão muito grande. Os professores neste exato momento estão acampados em frente ao  Buriti.
Por esses motivos entre outros, todos os estudantes do DF estão convocados a marchar da fonte da torre de TV no centro de Brasília até o Buriti para cobrar atitudes do Governados Agnelo! CHEGA! QUEREMOS AULA E QUEREMOS JÁ!

Evento no Facebook:
http://www.facebook.com/events/353736701351021/

quarta-feira, 25 de abril de 2012

"STF julga hoje ações contra cotas raciais em universidades públicas."

Hoje começa a votação no STF da ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) do DEM contra a legalidade das COTAS RACIAIS nas Instituições de Ensino Superior do Brasil. Demóstenes, aquele que gosta de se banhar em Cachoeira, sempre foi o cabeça pra tentar retirar essa conquista da população que foi por séculos privada de todos os direitos.
Acho que o STF vota a favor das cotas, o atual presidente é abertamente a favor... O discurso é para que o acesso ao ensino superior seja isonômico, certo? Concordo. Então porque seria justo que os Negros saiam séculos atrás nessa "corrida"?
Bom, compartilho aqui um texto de Leandro Fortes, que foi publicado na Carta Capital, em agosto de 2010, que trata sobre a questão racial fazendo um debate interessante das ações afirmativas, de inclusão social dos negros, adotadas no último período de nosso país.





O fato é que somos um país cheio de racistas. Até eu, que sou branco, sou capaz de perceber


Enquanto interessava às elites brasileiras que a negrada se esfolasse nos canaviais e, tempos depois, fosse relegada ao elevador de serviço, o conceito de raça era, por assim dizer, claríssimo no Brasil. Tudo que era ruim, cafona, sujo ou desbocado era “coisa de preto”. Nos anos 1970 e 1980, na Bahia, quando eu era menino grande, as mulheres negras só entravam nos clubes sociais de Salvador caso se sujeitassem a usar uniforme de babá. Duvido que isso tenha mudado muito por lá. Na cidade mais negra do país, na faculdade onde me formei, pública e federal, era possível contar a quantidade de estudantes e professores negros na palma de uma única mão.
Pois bem, bastou o governo Lula arriscar-se numa política de ações afirmativas para a high society tupiniquim berrar para o mundo que no Brasil não há racismo, a escrever que não somos racistas. Pior: a dizer que no Brasil, na verdade, não há negros.
Antes de continuar, é preciso dizer que muita gente boa, e de boa fé, acha que cota de negros nas universidades é um equívoco político e uma disfunção de política pública de inserção social. O melhor seria, dizem, que as cotas fossem para pobres de todas as raças. Bom, primeiro vamos combinar o seguinte: isso é uma falácia que os de boa fé replicam baseados num raciocínio perigosamente simplista. Na outra ponta, é um discurso adotado por quem tem vergonha de ter o próprio racismo exposto e colocado em discussão. Ninguém vê isso escrito em lugar nenhum, mas duvido que não tenha ouvido falar – no trabalho, na rua, em casa ou em mesas de bares – da tese do perigo do rebaixamento do nível acadêmico por conta da presença dos negros nos redutos antes destinados quase que exclusivamente aos brancos da classe média para cima – paradoxalmente, os bancos das universidades públicas.
Há duas razões essenciais que me fazem apoiar, sem restrições, as cotas exclusivamente para negros. A primeira delas, e mais simples de ser defendida, é a de que há um resgate histórico, sim, a ser feito em relação aos quatro milhões de negros escravizados no Brasil, entre os séculos XVI e XIX , e seus descendentes. A escravidão gerou um trauma social jamais sequer tocado pelo poder público, até que veio essa decisão, do governo do PT, de lançar mão de ações afirmativas relacionadas à questão racial brasileira – que existe e é seríssima. Essa preocupação tardia das elites e dos “formadores de opinião” (que não formam nada, muito menos opinião) com os pobres, justamente quando são os negros a entrar nas faculdades (e lá estão a tirar boas notas) é mais um traço da boçalidade com a qual os crimes sociais são minimizados pela hipocrisia nativa. Até porque há um outro programa de inserção universitária, o Prouni, que cumpre rigorosamente essa função. O que incomoda a essa gente não é a questão da pobreza, mas da negritude. Há contra os negros brasileiros um preconceito social, econômico, político e estético nunca superado. O sistema de cotas foi a primeira ação do Estado a enfrentar, de fato, essa situação. Por isso incomoda tanto.
A segunda razão que me leva a apoiar o sistema de cotas raciais é vinculado diretamente à nossa realidade política, cínica, nepotista e fisiológica. Caso consigam transformar a cota racial em cota “para pobres”, as transações eleitoreiras realizadas em torno dos bens públicos irão ganhar um novo componente. Porque, como se sabe, para fazer parte do sistema, é preciso se reconhecer como negro. É preciso dizer, na cara da autoridade: eu sou negro. Alguém consegue imaginar esses filhinhos de papai da caricata aristocracia nacional, mesmo os mulatinhos disfarçados, assumindo o papel de negro, formalmente? Nunca. Preferem a morte. Mas se a cota for para “pobres”, vai ter muito vagabundo botando roupa velha para se matricular. Basta fraudar o sistema burocrático e encher as faculdades públicas de falsos pobrezinhos. Ou de pobrezinhos de verdade, mas selecionados nas fileiras de cabos eleitorais. Ou pobrezinhos apadrinhados por reitores. Pobrezinhos brancos, de preferência.
Só um idiota não percebe a diferença entre ser pobre branco e pobre negro no Brasil. Ou como os negros são pressionados e adotam um discurso branco, assim que assumem melhores posições na escala social. Lembro do jogador Ronaldo, dito “Fenômeno”, ao comentar sobre as reações racistas das torcidas nos estádios europeus. Questionado sobre o tema, saiu-se com essa: “Eu, que sou branco, sofro com tamanha ignorância”. Fosse um perna-de-pau e tivesse que estudar, tenho dúvidas se essa seria a impressão que Ronaldo teria da própria cor, embora seja fácil compreender os fundamentos de tal raciocínio em um país onde o negro não se vê como elemento positivo, seja na televisão, seja na publicidade – muito menos nas universidades.
O fato é que somos um país cheio de racistas. Até eu, que sou branco, sou capaz de perceber.

Leandro Fortes, Carta Capital
13/08/2010

domingo, 22 de abril de 2012

"UJS DF tem destacada participação na III Marcha Contra a Corrupção"



A União da Juventude Socialista aponta que a Reforma Política é uma excelente estratégia para o fim da corrupção em nosso país.




Neste sábado, 21 de abril os brasilenses comemoram os 52 anos da capital federal e realizaram um grande movimento que já está ganhando tradição na cidade: a Marcha Contra a Corrupção. Essa já foi a terceira. A União da Juventude Socialista se juntou ao movimento com a principal pauta: Reforma Política já, por entender que os problemas de corrupção estão diretamente ligados a maneira que é realizada a eleições hoje, que apresenta com principal problema o financiamento privado de campanha. A partir disso, manifestantes da Juventude Socialista fizeram questão de subir no monumento mais alto ao redor para que todos os 15 mil manifestantes presentes no momento vissem a bandeira da reforma política foi levantada junto com a de nossa grandiosa entidade.