quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Campanha de boicote ao Enade 2008 mobiliza estudantes em todo o Brasil

Entidade distribuiu material informativo em todo o país e conversou com estudantes de todo o Brasil

A campanha da UNE pelo boicote do Exame Nacional do Ensino Médio (Enade) teve grande repercussão neste domingo (9), em todo país. Cerca de 564 mil alunos foram convocados para fazer o exame. Quase 25 mil cursos, em 23 áreas de conhecimento estiveram sob avaliação.


Entre os alunos que compareceram, muitos entregaram a prova em branco, mostrando apoio à campanha do movimento estudantil. Diretores da UNE e representantes de DCE’s, CA’s e DA’s distribuíram panfletos e adesivos em diversos pontos onde as provam foram aplicadas. Eles também conversaram pessoalmente com os estudantes e explicaram os motivos da campanha pelo boicote.


Brasília

Na capital federal, estudantes da Universidade de Brasília (UnB) e diretores da UNE distribuíram panfletos e adesivos nas duas escolas que receberam o maior número de alunos, Elefante Branco e Leonardo Da Vinci da Asa Norte.
Participantes do boicote disseram que o número de estudantes que aderiram ao movimento foi maior do que o esperado. "Aqui em Brasília, assim que tocou o primeiro sinal que autorizava a saída dos alunos, houve um movimento bem grande, até o estacionamento esvaziou".


Mato Grosso do Sul

O boicote foi encabeçado por integrantes do DCE da Universidade Federal do estado (UFMS). Antes da prova, os estudantes eram convidados a entregar a prova em branco e a colar um adesivo do protesto no cartão-resposta. Segundo Arthur D´Amico Bezerra, colaborador do DCE (Diretório Central dos Estudantes), todos os Centros Acadêmicos se comprometeram em fazer o boicote.

Segundo Ítalo Milhomem, integrante do DCE, a universidade tem se beneficiado das boas notas dos alunos e mascarado a qualidade do ensino. "Aqui na UFMS eles estão dando cursinhos específicos só para os alunos fazerem as provas, elevando a média das notas e escapando da fiscalização do MEC".

Os cursos da UFMS que participaram do boicote foram: Ciências Sociais, História, Geografia, Arquitetura, Engenharia Civil, Engenharia Ambiental, Engenharia Elétrica, Biologia, Artes Visuais e Letras.


Paraná

Por defender que as universidades têm que ser avaliadas de forma contínua, a orientação do DCE da Universidade Federal do Paraná (UFPR) era para que os estudantes fossem ao local de prova, mas entregassem o exame em branco. Os cursos em que o movimento esteve mais forte foram História e Letras. Júlio Cézar Marques da Silva, membro do centro acadêmico de Letras, aponta que os alunos do curso decidiram pelo boicote.


Espírito Santo

"O Enade eu vou zerar". Essa foi a afirmação feita pelos estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo que não consideram o exame uma forma efetiva de melhorar a condições de ensino. Os cursos que tiveram maior adesão à campanha da UNE foram enfermagem, serviço social e educação física.


O que a UNE pensa sobre o Enade

A UNE apoiou a criação do Enade, dentro do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes). No entanto, atualmente a entidade critica o fato de a prova acabar tendo grande peso na avaliação final das universidades, avaliando somente os estudantes e servindo apenas para um a criação de um "ranking" entre as instituições.


Insatisfeita com a ausência de outros mecanismos para mensurar a qualidade do ensino, a UNE espera, com o boicote, protestar pelas diretrizes contidas na proposta original do Sinaes:


"A realização de uma avaliação plural, que leve em conta os diferentes agentes que compõem o ensino superior de forma transparente e participativa, garantindo que todos os segmentos da comunidade universitária participem do processo como sujeitos e não apenas como objetos", pontua a presidente da UNE, Lúcia Stumpf.


"O SINAES se configura em um avanço, pois avalia as instituições de forma mais ampla. Reflete o que a UNE e demais entidades do movimento estudantil, social e educacional reivindicam: uma avaliação completa que seja formada não só pelo Enade, mas que leve em consideração com o mesmo peso, a comissão interna de avaliação que deve ser paritária entre estudantes, funcionários e professores e a comissão externa coordenada pelo MEC. Apenas dessa forma podemos garantir a melhor aplicação de recursos e investimentos para o desenvolvimento das instituições de ensino superior e assim priorizar o tripé ensino-pesquisa-extensão", explica o diretor de políticas educacionais da UNE, Rafael Chagas.


Fonte: http://www.une.org.br/ com adaptações


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