quarta-feira, 3 de abril de 2013

Jornada de Lutas em Brasília reúne mais 4 mil jovens nas ruas




A Jornada de Lutas continua seguindo em frente com toda a força pelas principais cidades brasileiras
A Jornada de Lutas continua seguindo em frente com toda a força pelas principais cidades brasileiras abrindo caminho para as reivindicações da juventude brasileira. Nesta terça-feira (2/4), o movimento que reúne mais de 40 entidades, organizações, grupos e coletivos chegou a Brasília. A capital foi tomada por 4 mil jovens que mesmo sob o sol forte da manhã marcharam pelas ruas da Esplanada dos Ministérios.
Aos poucos, foram chegando estudantes de mais de 50 escolas e universidades da região, compondo um mosaico bonito de peças diversas de um quebra cabeça chamado juventude. Na concentração em frente a Biblioteca Nacional, rostos eram pintados, cartazes confeccionados e uma grande faixa grafitada pela turma do hip hop. Uma intervenção artística chamou a atenção para a denúncia sobre a violência contra os jovens, principalmente, os negros.
O mar de gente tomou a rua. A passeata parou em frente ao Ministério do Desenvolvimento Agrário para que o representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Raul Amorim, pudesse conclamar a multidão a cobrar uma reforma agrária para o país, uma das pautas da Jornada Nacional de Lutas.
Outra pauta principal que unifica toda a juventude brasileira é a necessidade urgente do país investir mais recursos em sua educação pública, com a destinação dos 10% do PIB, 50% do fundo social do Pré-sal e 100% dos royalties do petróleo exclusivamente para o setor.
Por mais investimentos e mais Qualidade na Educação
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O estudante Leonardo Matheus (foto acima) é um dos jovens que levanta essa bandeira. Presidente do Grêmio da sua escola, a Elefante Branco, uma das principais de Brasília, ele tem 16 anos e sonha ver a sua instituição sem goteiras no teto, sem falta de professores, com boas quadras poliesportivas e qualidade em seu ensino. “Estamos todos aqui na jornada para denunciar a falta de estrutura na nossa escola. Cerca de 400 alunos de lá estão aqui porque acreditam que só com mais investimentos em educação será possível uma educação de qualidade para todos”, pontuou.
Um outro grupo de cerca de 100 estudantes também chamou a atenção. Graduandos de Medicina da Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro, eles enfrentaram 18 horas de viagem de ônibus para participar da Jornada de Lutas e denunciar o problema grave por qual passa a instituição. Segundo o presidente do Diretório Acadêmico do curso, Rafael Callado, estudante do 4º período, o ano letivo ainda não começou, embora os três meses de mensalidade tenham sido cobrados. “Já são dois anos de crise. O grupo Galileo, que administra a universidade, não consegue apontar solução e também o diálogo com estudantes e professores ainda é muito restrito. Muito além da questão financeira, o que nos trouxe até Brasília é a preocupação com a qualidade do ensino e a urgência da regulamentação do ensino privado”.
Educação é prioridade

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O presidente da UNE, Daniel Iliescu, destacou a educação como um tema central da mobilização. “Existe uma bandeira principal que é a destinação dos royalties do petróleo e do Fundo Social do pré-sal para financiar a educação. O investimento de 10% do PIB na educação pode ser viável sim, desde que aproveitados os royalties do petróleo. Queremos chamar a atenção da sociedade, do Congresso e do governo”.
A aprovação do Estatuto da Juventude, que será votado nesta quarta-feira (3/2) na Comissão de Assuntos Sociais do Senado também foi pauta da Jornada. A deputada federal Manuela d’Ávila, relatora do projeto na Câmara, participou do final da marcha. A parlamentar destacou a atuação da juventude na pressão pelas mudanças que o país precisa para avançar. “Essa união na luta é que mudará de fato o Brasil. Mudamos muito nos últimos 10 anos, mas quando os movimentos sociais saem às ruas mostram que querem ainda mais. Só mudaremos mais com a juventude na rua. Parabéns a esses jovens que não desistem de sonhar”, disse.
A marcha terminou em frente ao Congresso Nacional. O presidente da UNE e a presidenta da UBES, Manuela Braga, chamaram os estudantes para ocuparem o gramado em frente ao tradicional espelho d’água. E o mergulho conjunto que muitos jovens deram ali não foi só diversão. Marcava aquele dia como histórico para toda a juventude, que de forma inédita marchou e continuará caminhando unida a partir de agora.
De Brasília,
Rafael Minoro
Fotos: Fábio Bardella

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