sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Presidente da UBES anuncia novos passos da entidade e fala sobre o 10º Coneg






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Enquanto o movimento estudantil universitário se renova, para uma nova jornada de lutas e projetos, os estudantes secundaristas também planejam um novo momento de mudanças. Assim como foi feito pela UNE, em seu último Congresso, no mês de Julho, a UBES deverá ampliar a participação dos estudantes nos rumos da entidade, com um Congresso mais democrático e fortalecido.


Em entrevista ao EstudanteNet, o presidente da UBES, Thiago Franco, disse que o próximo Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg) da entidade, que acontece entre 6 e 9 de setembro, em São Paulo, terá a tarefa de discutir as alterações necessárias nesse sentido.
O Coneg terá, como ponto principal, a discussão sobre a qualidade da educação no país. Um dos principais debates focará o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado recentemente pelo governo federal. A UBES quer debater os avanços e lacunas desse documento, por exemplo, a ausência de iniciativas de democratização da escola e de políticas de defesa do passe estudantil.
"O PDE tem um vácuo nesse sentido, em relação á gestão democrática na educação, acaba tratando desse assunto de forma bastante lateral. Isso envolve a gestão democrática nas escolas, eleições diretas para diretor e outros cargos e o acesso em geral", aponta Thiago.
O presidente da UBES ainda adiantou como será a participação dos secundaristas na Jornada de Lutas de Agosto e informou que os estudantes pretendem realizar uma grande manifestação no dia da independência, 7 de setembro, durante o Coneg da entidade.
Leia a íntegra da entrevista:

A UBES caminha para o seu 10º Conselho Nacional de Entidades Gerais. Qual é atualmente a importância de um encontro deste porte num momento de mudanças para o movimento estudantil?
O Coneg historicamente sempre foi um momento muito importante para a UBES. É o espaço de encontro e organização do movimento secundarista. Na verdade, após o período da ditadura, quando a entidade foi extinta, o movimento secundarista infelizmente perdeu os registros e a contagem dos Conegs realizados. Esta é a 10ª nesse novo período e representa também um novo momento. O tema deste encontro reflete a nossa grande preocupação com a questão da educação no Brasil. Portanto, além das entidades municipais, estaduais, vamos ter a participação de outros movimentos sociais ligados à educação. Outra importância desse momento é convocar o Congresso da UBES.

Durante a reunião da diretoria da UBES em Brasília, que definiu as bases do Coneg, foi discutida a possibilidade de mudanças na Estrutura do Congresso Nacional da UBES. Qual seria o sentido dessas mudanças?

Este Coneg em especial tem a tarefa de debater algumas alterações estatutárias, que vão resolver como o Congresso pode ser ainda mais amplo, como que vamos ampliar a democracia da entidade cada vez mais. Isso foi debatido na nossa reunião de Brasília, mas na verdade já foi decidido desde o último Congresso da UBES. Foi algo aprovado de forma muito consensual. Iremos democratizar o Congresso, não no sentido de que ele já não seja democrático, mas no sentido de que a democracia é algo que está sempre em aprimoramento. O movimento estudantil tem crescido, conseguido vitórias importantes e esse Coneg deverá discutir, principalmente, como fazer um Congresso de massas, incluindo as etapas nos estados, com mais discussões sobre os problemas da entidade, bandeiras de lutas, aumentando a participação não só numérica, mas qualitativa.

Uma das características do movimento universitário tem sido a diversificação das bandeiras da luta estudantil. Quais são os desafios do movimento secundarista nesse sentido? Quais são as lutas que a UBES ainda precisa abraçar com mais força?
No ponto de vista da diversificação, faremos um esforço para incluir, na programação, temas que o movimento secundarista ainda precisa dar mais vazão. Por exemplo, assuntos como o desafio de resgatar a história do movimento secundarista. Temas relacionados à igualdade racial, à luta contra a homofobia, a igualdade de gêneros, o meio ambiente e a cultura também estarão presentes. Nós conseguimos avançar nisso, podemos dizer que ainda a passos muito lentos. O Coneg pode ser um momento importante de rever isso, com passos mais largos, com a rede do movimento estudantil que estará reunida.

O Coneg discutirá o Plano de Desenvolvimento da Educação Básica (PDE) lançado pelo governo federal no início do ano. Quais são os pontos desse projeto que merecem maior atenção da UBES? Por quê?

A idéia é que o Coneg seja um grande seminário de educação. Obviamente, levaremos em conta esse plano, apresentado recentemente. Dentro desse fórum, teremos três temas centrais. Primeiro, a questão da avaliação da educação no país, ou seja, como avaliar a qualidade da educação e isso se transformar em políticas públicas. Não queremos uma avaliação somente baseada no mérito, focada nos resultados de cada estudante em uma prova. Essa avaliação precisa identificar os problemas da educação.
Um segundo ponto, talvez mais importante ainda, é a questão da democracia no processo da educação. Na nossa última reunião de diretoria avaliamos que o PDE tem um vácuo nesse sentido, em relação á gestão democrática na educação, acaba tratando desse assunto de forma bastante lateral. Isso envolve a gestão democrática nas escolas, eleições diretas para diretor e outros cargos e o acesso em geral. Eu tenho dito há um tempo que a juventude não gosta da escola. É uma afirmação bastante triste de ser dita, mas ela não gosta da escola pela falta de participação, pelo autoritarismo e esses elementos pesam muito.
Uma terceira questão está relacionada à uma das principais bandeiras desta gestão, o passe estudantil. O PDE ainda não é claro no sentido do acesso ao transporte para os estudantes. Existem algumas propostas relacionadas ao ensino nas zonas rurais, que é uma política válida, mas nós sabemos que o problema de transporte para garantir o acesso é através do passe livre nas cidades. Isso que nós queremos discutir. Ainda debateremos o problema do financiamento estudantil, do papel dos meios de comunicação no desenvolvimento da educação, o acesso ao ensino superior, a expansão do ensino profissional, a base curricular e o ensino da filosofia e da sociologia no ensino médio.
Como será a participação da UBES na Jornada de Lutas de agosto. Qual é a importância da participação dos secundaristas nessa ação?

A jornada é convocada pela UNE e pela UBES em conjunto por uma série de entidades do movimento social brasileiro. O objetivo é unificar as entidades populares que ainda têm divergências em certas questões. A educação é um tema tão importante que nós conseguimos unificar todo mundo em volta desse assunto. Entre os dias 20 e 24 vamos levar essas bandeiras todas, o passe-estudantil, o acesso ao ensino superior. Esse momento para nós será um processo de construção do Coneg. A marca dessa gestão da UBES é a mobilização, a luta, para debater, formular, mas principalmente colocar gente na rua por mais qualidade no nosso ensino e no nosso país. É ainda importante lembrar que no dia 7 de setembro, durante o Coneg, os estudantes secundaristas no Coneg farão uma grande mobilização pelos temas nacionais, pelos desenvolvimentos, pelos direitos da juventude e do povo. Queremos unificar essa ação com diversos outros movimentos, com passeatas e atos por todo país.

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